Parlamento aprova relatório sobre ação europeia comum em matéria de cuidados

05.07.2022

Estima-se que as mulheres gastem, em média, 3,2 vezes mais horas do que homens em deveres de cuidado não pagos, como tomar conta dos filhos. A pandemia veio agravar esta situação tendo adicionado, em média, cerca de 13 horas de trabalho não remunerado por semana para as mulheres. Com a atual tendência demográfica na União Europeia, as desigualdades na distribuição de tarefas de cuidado vão ser cada vez mais relevantes.

Hoje, o Parlamento Europeu debateu e aprovou um relatório sobre ação europeia em matéria de cuidados, na sequência de uma estratégia que a Comissão Europeia apresentará até ao final do ano. Entre outros aspetos, o Parlamento Europeu destaca a falta de condições de apoio aos cuidadores informais, a necessidade de atingir uma distribuição mais equitativa das tarefas de cuidado entre homens e mulheres e pede medidas concretas para melhorar as condições de trabalho e a remuneração dos cuidadores.

Maria Manuel Leitão Marques, relatora sombra do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas na Comissão FEMM (Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros) afirma:

"Cerca de 7,7 milhões de mulheres estão fora do mercado de trabalho, na União Europeia, por causa dos seus deveres de cuidado, comparando com apenas 450 mil homens. As mulheres são, também, 81% dos 6,3 milhões de profissionais que trabalham no setor do cuidado formal e os números serão semelhantes para o informal. É, portanto, impossível falarmos dos deveres de cuidado sem falarmos das desigualdades de género neste setor. Além de tudo o resto esta é também uma questão cultural.

Precisamos, assim, de medidas concretas para combater as desigualdades estruturais na distribuição das tarefas de cuidado, entre homens e mulheres, que vão desde a família até ao mercado de trabalho. Uma medida importante são as campanhas de sensibilização nas escolas que deixem claro para as crianças que cuidar não é apenas trabalho de mulher. Temos um programa chamado “Engenheiras por um dia” para atrair meninas para as profissões tecnológicas. Poderíamos criar um outro chamado “Cuidadores por um dia” para atrair rapazes para profissões de cuidado.

Devemos, também, valorizar as tarefas de cuidado, dignificando-as, reconhecendo os direitos de quem cuida e remunerando de forma justa esse trabalho. Em Portugal, por exemplo, foi estabelecido o Estatuto do Cuidador Informal que garante um subsídio de apoio, períodos de descanso e acesso a formação. Ao longo da nossa vida, quase todos nós vamos cuidar ou ser cuidados por alguém. Está na altura de reconhecermos que a tarefa do cuidado é crucial para o bem-estar da sociedade em que vivemos."

Gabinete da deputada Maria Manuel Leitão Marques

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